Horas Rubras
  Horas profundas, lentas e caladas 
Feitas de beijos rubros e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...
Oiço olaias em flor às gargalhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p'las estradas...
Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...
Sou chama e neve e branca e mist'riosa...
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade" // postado por marlene de goes
Feitas de beijos rubros e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...
Oiço olaias em flor às gargalhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p'las estradas...
Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...
Sou chama e neve e branca e mist'riosa...
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade" // postado por marlene de goes












































O amor, quando se revela, 
 Não se sabe revelar. 
 Sabe bem olhar p'ra ela, 
 Mas não lhe sabe falar. 
 Quem quer dizer o que sente 
 Não sabe o que há de *dizer. 
 Fala: parece que mente 
 Cala: parece esquecer 
 Ah, mas se ela adivinhasse, 
 Se pudesse ouvir o olhar, 
 E se um olhar lhe bastasse 
 Pr'a saber que a estão a amar! 
 Mas quem sente muito, cala;
 Quem quer dizer quanto sente 
 Fica sem alma nem fala, 
 Fica só, inteiramente! 
 Mas se isto puder contar-lhe 
 O que não lhe ouso contar, 
 Já não terei que falar-lhe 
 Porque lhe estou a falar..
>




