Florbela Espanca
Eu trago-te nas mãos o esquecimento Das horas más que tens vivido, Amor! E para as tuas chagas o ungüento Com que sarei a minha própria dor. Os meus gestos são ondas de Sorrento... Trago no nome as letras duma flor... Foi dos meus olhos garços que um pintor Tirou a luz para pintar o vento... Dou-te o que tenho: o astro que dormita, O manto dos crepúsculos da tarde, O sol que é de ouro, a onda que palpita. Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez! Eu sou Aquela de quem tens saudade, A princesa de conto: "Era uma vez..."
Postado por marlene de goes
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