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terça-feira, 11 de outubro de 2011

GOSTO QUANDO ME FALAS DE TI





Gosto quando me falas de ti...

Gosto quando me falas de ti... e vou te percorrendo
e vou descortinando a tua vida
na paisagem sem nuvens, cenário de meus desejos
                                                              [tranqüilos

Gosto quando me falas de ti... e então percebo
que antes mesmo de chegar, me adivinhavas,
que ninguém te tocou, senão o vento
que não deixa vestígios, e se vai
desfeito em carícias vãs...

Gosto quando me falas de ti... quando aos poucos a luz
vasculha todos os cantos de sombra, e eu só te encontro
e te reencontro em teus lábios, apenas pintados,
maduros,
mas nunca mordidos antes da minha audácia.

Gosto quando me falas de ti... e muito mais adiantas
em teus olhos descampados, sem emboscadas,
e acenas a tua alma, sem dobras, como um lençol
distendido,
e descortino o teu destino, como um caminho certo, cuja
                                                                  [primeira curva
foi o nosso encontro.

Gosto quando me falas de ti... porque percebo que te
                                                                    [desnudas
como uma criança, sem maldade,
e que eu cheguei justamente para acordar tua vida
que se desenrola inútil como um novelo
que nos cai no chão...


( Poema de JG  de Araujo Jorge do
 livro "Quatro Damas" 1a ed. 1965 )

POSTADO POR MARLENE DE GOES


Um comentário:

Célia Gil disse...

Sensível e lindo! Bjs

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