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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

ESPECIALMENTE PARA VOCE

                          Deixar de sonhar de amar é como deixar de viver
                          É olhar sem enxergar É caminhar sem mover-se do 
                           lugar.
                          É sentir o aperto no peito sem ter lágrimas 
                          para teu rosto banhar.
postado por marlene de goes






sábado, 26 de outubro de 2013

MEU SONETO

O Meu SonetoEm atitudes e em ritmos fleumáticos, 
Erguendo as mãos em gestos recolhidos, 
Todos brocados fúlgidos, hieráticos, 
Em ti andam bailando os meus sentidos... 

E os meus olhos serenos, enigmáticos 
Meninos que na estrada andam perdidos, 
Dolorosos, tristíssimos, extáticos, 
São letras de poemas nunca lidos... 

As magnólias abertas dos meus dedos 
São mistérios, são filtros, são enredos 
Que pecados d´amor trazem de rastros... 

E a minha boca, a rútila manhã, 
Na Via Láctea, lírica, pagã, 
A rir desfolha as pétalas dos astros!.. 

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

Tema(s): Alma Ler outros poemas de Florbela Espanca
Postado por marlene de goes 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

JUNQUILHOS

JunquilhosNessa tarde mimosa de saudade 
Em que eu te vi partir, ó meu amor, 
Levaste-me a minh'alma apaixonada 
Nas folhas perfumadas duma flor. 

E como a alma, dessa florzita, 
Que é minha, por ti palpita amante! 
Oh alma doce, pequenina e branca, 
Conserva o teu perfume estonteante! 

Quando fores velha, emurchecida e triste, 
Recorda ao meu amor, com teu perfume 
A paixão que deixou e qu'inda existe... 

Ai, dize-lhe que se lembre dessa tarde, 
Que venha aquecer-se ao brando lume 
Dos meus olhos que morrem de saudade! 

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

Tema(s): Amor  Saudade Ler outros poemas de Florbela Espanca 

















































POSTADO POR MARLENE DE GOES







segunda-feira, 21 de outubro de 2013

SONETO DA FIDELIDADE




De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
MulherFlor
*
POSTADO POR MARLENE DE GOES







domingo, 13 de outubro de 2013

ODE MARITIMA

Ode marítima
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho pró lado da barra, olho pró Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh’alma está com o que vejo menos.
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.
Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.
Os paquetes que entram de manhã na barra
Trazem aos meus olhos consigo
O mistério alegre e triste de quem chega e parte.
Trazem memórias de cais afastados e doutros momentos
Doutro modo da mesma humanidade noutros pontos.
Todo o atracar, todo o largar de navio,
É – sinto-o em mim como o meu sangue -
Inconscientemente simbólico, terrivelmente
Ameaçador de significações metafísicas
Que perturbam em mim quem eu fui…
Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
E quando o navio larga do cais
E se repara de repente que se abriu um espaço
Entre o cais e o navio,
Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve com uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha.
Fernando Pessoa
postado por marlene de goes





sexta-feira, 11 de outubro de 2013

POEMA DA LONGA ESPERA






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 " Balada Da Longa Espera "
                                                  ( À moda antiga )

Mote:

Quem espera, desespera.,.
Quem espera sempre alcança...
Ah, meu amor, quem me dera
esperar tendo esperança...

Glosa:

Quem espera, desespera...
Às vezes a alma se cansa,
mas meu amor que é, como era,
mesmo enquanto o tempo avança
espera, e não desespera
de que volte a primavera,
e espera tendo esperança...

E mantém viva a confiança
ao dizer que foste criança
a esta dor que o dilacera,
pois quando menos se espera
o que hoje é apenas lembrança
retorna ao que dantes era,

e assim, com ternura mansa
não se cansa ou desespera,
e intimamente assevera:
- quem espera sempre alcança

E a esperar, na longa espera
não perde nunca a esperança...



  
( Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"
Vol. III -  1a edição 1965 )

postado por marlene de goes


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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A TUA VOZ DE PRIMAVERA

A Tua Voz de Primavera

Manto de seda azul, o céu reflete 
Quanta alegria na minha alma vai! 
Tenho os meus lábios úmidos: tomai 
A flor e o mel que a vida nos promete! 

Sinfonia de luz meu corpo não repete 
O ritmo e a cor dum mesmo desejo... olhai! 
Iguala o sol que sempre às ondas cai, 
Sem que a visão dos poentes se complete! 

Meus pequeninos seios cor-de-rosa, 
Se os roça ou prende a tua mão nervosa, 
Têm a firmeza elástica dos gamos... 

Para os teus beijos, sensual, flori! 
E amendoeira em flor, só ofereço os ramos, 
Só me exalto e sou linda para ti! 

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"


Postado por Marlene de goes



Te

domingo, 6 de outubro de 2013

PRIMEIRO MOTIVO DA ROSA

sms

Primeiro Motivo da Rosa

Cecília Meireles
Vejo-te em seda e nácar, e tão de orvalho trêmula, que penso ver, efêmera, toda a Beleza  em lágrimas por ser bela e ser frágil. Meus olhos te ofereço: espelho para face que terás, no meu verso, quando, depois que passes, jamais ninguém te esqueça. Então, de seda e nácar, toda de orvalho trêmula, serás eterna. E efêmero o rosto meu, nas lágrimas do teu orvalho... E frágil.
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