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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

NÃO SEI QUANTAS ALMAS TENHO



Não sei quantas almas tenho. 
Cada momento mudei. 
Continuamente me estranho. 
Nunca me vi nem acabei. 
De tanto ser, só tenho alma. 
Quem tem alma não tem calma. 
Quem vê é só o que vê, 
Quem sente não é quem é, 
Atento ao que sou e vejo, 
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo 
É do que nasce e não meu. 
Sou minha própria paisagem; 
Assisto à minha passagem, 
Diverso, móbil e só, 
Não sei sentir-me onde estou. 
Por isso, alheio, vou lendo 
Como páginas, meu ser. 
O que sogue não prevendo, 
O que passou a esquecer. 
Noto à margem do que li 
O que julguei que senti. 
Releio e digo : "Fui eu ?" 
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando PessoaPOSTADO POR MARLENE DE GOES



6 comentários:

chica disse...

Maravilhosa poesia e questionamentos de Pessoa! Linda semana pra ti, apesar do tempinho lá fora...beijos,chica

ValeriaC disse...

Bela escolha minha querida...Pessoa sempre tão intenso...
Beijinhos e doce semana amiga...
Valéria

Penélope disse...

Não resisti! Estou te seguindo porque teu espaço é um encanto.
Abraços

Anne Lieri disse...

Marlene,que grande poesia de Fernando Pessoa!Tão deliciosa,feita pra declamar!Adorei!Bjs e boa semana!

Anônimo disse...

Boa tarde amiga
Que lindo o seu cantinho!
Tenha uma linda semana!
abraço muito amigo!
Maria Alice

Anônimo disse...

Marlene: Lindo poema de Fernando Pessoa, mas nós só temos uma alma.
Beijos
Santa Cruz

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