Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
6 comentários:
Maravilhosa poesia e questionamentos de Pessoa! Linda semana pra ti, apesar do tempinho lá fora...beijos,chica
Bela escolha minha querida...Pessoa sempre tão intenso...
Beijinhos e doce semana amiga...
Valéria
Não resisti! Estou te seguindo porque teu espaço é um encanto.
Abraços
Marlene,que grande poesia de Fernando Pessoa!Tão deliciosa,feita pra declamar!Adorei!Bjs e boa semana!
Boa tarde amiga
Que lindo o seu cantinho!
Tenha uma linda semana!
abraço muito amigo!
Maria Alice
Marlene: Lindo poema de Fernando Pessoa, mas nós só temos uma alma.
Beijos
Santa Cruz
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