Carlos Drummond de Andrade |
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
site as tormentas.com,
poemas de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Postado por marlene de goes
4 comentários:
Ah! Drummond nos faz acelerar a respiração... Olá minha doce amiga... ando apenas sumida, mas não esqueci as pessoinhas queridas da minha Ilha, orisso Vim te convidar para as brincadeiras BLOGUEIRO OCULTO e o MAGIA DO NATAL que estou lançando no salão azul da Ilha, o convite e o link se encontram lá, te espero nas ondas. Um enorme beijo no coração e que teu final de semana seja florido e poético.
Nossa Marlene tão novo sou e eu sei o que esse poeta quer dizer a falta de um grande amor a falta de amizade mas eu vejo que a vida é linda do mesmo jeito!
lindo, lindo feliz demais por ter encontrado vc na blogsfera
Amiga Marlene Drummond é sempre uma excelente escolha, pois é um poeta maravilhoso.
Bom domingo
Beijinhos
Maria
Ler Drummond é sempre maravilhoso, Marlene!
Beijocas!
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